O litoral da cidade de Santos, a cerca de 80 km de São Paulo, oferece uma visão estranha. Como dominós prestes a tombar, a orla é ladeada por uma série de edifícios altos que são inconfundivelmente inclinados para um lado.
O problema está no solo santista. Abaixo de uma camada de areia de sete metros há um leito de argila escorregadia de 30 a 40 metros de profundidade que não suporta bem o peso das estruturas.
Até 1968, o código de construção local não tinha qualquer restrição sobre o tipo de fundação que poderia ser usada para edifícios de vários andares.
O ideal é que as fundações das edificações atinjam o leito rochoso, que na região tem cerca de 50 metros de profundidade. Mas esses prédios na orla santista têm fundações de apenas 4 ou 5 metros de profundidade.
Depois que a inclinação do primeiro prédio se tornou visível, percebeu-se que a prática de colocar prédios altos em bases rasas não poderia continuar, e uma exigência foi adicionada ao código de construção de Santos para usar fundação profunda para prédios altos.

Um agravante é que muitas edificações estão localizadas próximas umas das outras, de modo que o recalque causado por edificações construídas próximas a edificações existentes provavelmente contribuiu para o enxugamento, pelo menos, em alguns casos.
A proximidade dos edifícios levou a uma lenda urbana popular de que o colapso de um edifício desencadearia um efeito dominó derrubando outros edifícios com ele. Especialistas negam que tal catástrofe possa acontecer, já que os edifícios tendem a desmoronar verticalmente.
Surpreendentemente, as pessoas continuam a viver nestes apartamentos.
Embora eles tenham que lidar com problemas cotidianos, como móveis com calços, bolas rolantes e a incapacidade de encher uma xícara de café até o topo.
Ao todo, há cerca de cem prédios que se inclinam em ângulos assustadores. Os edifícios inclinam-se entre 0,5 metros e 1,8 metros.
Houve um esforço há alguns anos para endireitar alguns dos prédios, mas o alto custo proibiu a execução. Apenas um prédio, o Núncio Malzoni, ao lado da Pinacoteca pelo Canal 4, foi endireitado. Custou à cidade US$ 1,5 milhão.
Embora os moradores tenham aprendido a lidar com a situação, o principal problema que enfrentam é a desvalorização da propriedade.
Os preços dos condomínios despencaram depois que a inclinação se tornou visível a olho nu há muitos anos.
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