O que é o efeito Mandela?

O efeito Mandela:

As memórias nem sempre são reflexos precisos da realidade. De amizades de infância a disputas domésticas recentes, sua mente tende a embelezar – se não a ficcionalizar completamente – suas experiências. Mas o que significa quando suas lembranças imprecisas são sobre algo da cultura mais ampla e não sobre sua vida pessoal? E se milhares de estranhos compartilharem a mesma memória falsa? Se você se identifica com isso, já experimentou o efeito Mandela.

A blogueira Fiona Broome cunhou a frase “efeito Mandela” em 2009. Enquanto participava de uma conferência, ela discutiu o trágico falecimento de Nelson Mandela na década de 1980. Muitas pessoas com quem ela falou também se lembravam da morte do presidente sul-africano na prisão, e alguns até se lembravam de ter assistido à cobertura do evento na TV. Mas Mandela estava bem vivo na época da conferência e, quando morreu quatro anos depois, em 2013, era um homem livre.

Efeito Mandela
GETTY IMAGES

De acordo com Broome, o efeito Mandela é definido como uma falsa memória compartilhada por várias pessoas.

Embora pareça uma ocorrência bizarra, exemplos do fenômeno são bastante difundidos.

Dragon Ball Z

Você se lembra de estar assistindo a Dragon Ball Z durante os ataques de 11 de setembro de 2001?

Muitas pessoas alegam que estavam vendo TV Globinho quando uma cena icônica do desenho — Goku reunindo forças para atingir o terceiro nível de Super-Saiayajin — foi interrompida para transmitir o plantão jornalístico sobre a queda das Torres Gêmeas.

Mas, de acordo com os registros do dia, o desenho nem chegou a ser exibido. Dragon Ball Z entraria no ar às 11h30, mas, assim que o ataque foi reportado, pouco após as 9h, o canal cancelou a programação seguinte para dar destaque à cobertura da tragédia.

Inclusive, se a programação normal tivesse sido mantida e o desenho houvesse sido transmitido, o episódio daquele dia ainda não seria o mencionado acima.

“Luke, eu sou seu pai.”

Já ouvimos essa célebre declaração de Darth Vader para Luke Skywalker um milhão de vezes, certo? Errado.

Na cena de O Império Contra-Ataca, Luke diz para Darth Vader que ele matou seu pai, ao que o vilão responde: “Não, eu sou seu pai.”

Shazaam

Aqueles que cresceram durante os anos 1990 talvez se lembrem de um filme chamado Shazaam, em que um gênio, interpretado por Sinbad, é descoberto por duas crianças. Bateu uma nostalgia?

O curioso é que o ator afirmou nunca ter interpretado um gênio e, ao buscar pela produção na internet, nenhum resultado é encontrado. O filme nunca existiu.

Então por que muitas pessoas afirmam ter assistido e inclusive comentam com detalhes suas cenas favoritas?

Uma possível explicação é a confusão com outro filme da mesma década envolvendo gênios da lâmpada: Kazaam, com Shaquille O’Neal. Mas aqueles que afirmam terem assistido Shazaam lembram-se perfeitamente do ator Sinbad no papel do gênio… estranho, não?

Todos os itens acima são exemplos do efeito Mandela. Em outras palavras, nada disso aconteceu.

Mesmo depois de aprender a verdade, muitas pessoas continuarão a jurar por suas falsas memórias. Alguns estão tão confiantes em suas lembranças que citam o efeito Mandela como evidência de realidades alternativas.

Então, o que realmente está por trás do fenômeno?

Os psicólogos culpam o efeito Mandela na maneira como nossos cérebros registram e recuperam informações. As memórias não são instantâneos perfeitos de momentos como ocorreram na vida real. Quando nos lembramos de algo, podemos ter acesso apenas a parte da história verdadeira, então nossos cérebros extraem informações relevantes de diferentes memórias para preencher as lacunas. É por isso que tantas pessoas se lembram de uma comédia live-action sobre um gênio da década de 1990, mas não o título ou estrela exata.

Se os exemplos acima do efeito Mandela não se aplicarem a você, você ainda pode ficar chocado ao saber que uma das músicas mais famosas da banda Queen tem uma polêmica envolvendo o estranho fenômeno. Você se lembra do fim da música, quando Freddie Mercury finaliza com “Cause we are the champions… of the world”?

Se respondeu sim, você foi afetado pelo Efeito Mandela! Na realidade, o complemento “of the world” é usado no meio da canção, mas não no final.

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